LGBTQIAPN+: Pra que tanta letra? Em vez de uma resposta, trago mais perguntas
A sigla completa mais usada pra se referir ao que antes era chamado de Movimento GLS hoje em 2023 é LGBTQIAPN+, que diz respeito a Lésbicas, Gays, Bissexuais, TransexuaIs, Transgêneros, Travestis, Queer, Intersexo, Assexuais, Pansexuais e Não-binários. Existem variações dela que incluem mais letras, existem disputas sobre quais demais identidades precisam ser aglutinadas ao movimento e existe todo um espectro de opiniões das mais diversas sobre o que fazer com essa sigla. Dentre desse mar de questionamentos, um deles se destaca: pra que tanta letra?
O que significa esta sigla
E embora essa seja uma dúvida legítima de uma boa parcela da população dentro e fora do movimento, com bastante frequência, ela costuma ser usada pra invalidar identidades dentro da sigla, pra segregar uma parte da comunidade e pra disseminar ódio - em especial contra pessoas trans.
Existem inúmeras reportagens e conteúdos que se propõem a responder essa pergunta de uma forma justa e inclusiva. Ao final desse texto, vou recomendar alguns links que podem ajudar leitores que buscam genuinamente uma resposta. Mas, antes disso, em vez de responder categoricamente um questionamento válido, eu gostaria de propor algumas perguntas.
1 - Será que ninguém perguntou isso antes?
Nas redes sociais, muitos questionamentos surgem com um certo ar de pioneirismo arrogante. Parece que você sozinho tá desbravando o grande mar do conhecimento com uma pergunta muito particular sua que nunca ninguém fez antes. Mas o movimento LGBTQIAPN+ é antigo, heterogêneo, multiétnico e enorme. A própria existência da sigla é o resultado de questionamentos sobre quem faz parte dela e quem exerce protagonismo no movimento. Entender a história desses questionamentos é parte da resposta.
2 - Por que a sigla existe?
A sigla não nasceu pronta e a história da formação dela é a história do movimento. É a história de uma parte considerável da população humana. Uma história que inclui direitos civis, construção de identidades e - pasme - políticas públicas de saúde. Entender a historicidade da sigla é também uma parte da resposta.
3 - De onde vêm as letras que compõem a sigla?
A resposta é “do alfabeto”. Brincadeira. Cada letrinha da sigla tem uma história específica dentro de um grande guarda-chuva semiótico que abrange um movimento heterogêneo e plural. Entender como e por que o A, o N ou o B se construíram como identidades com demandas políticas específicas é uma parte da resposta.
4 - Qual a importância de usar várias letras no lugar de uma palavra que abrange todo mundo?
A história do movimento LGBTQIAPN+ envolve também visibilidade. Quem é visto? Quem não é visto? Quais vidas são celebradas e quais mortes geram comoção? A sigla é construída também nesse contexto e precisando lidar com contradições dentro do próprio movimento, que inclui pessoas de diferentes raças, gêneros, territórios e classes sociais. A sigla é contraditória por natureza e, por isso, está sempre se atualizando. Entender como e por que ela se atualiza é uma parte da resposta.
É importante entender que essas letras (e as identidades associadas a elas) não brotam no mundo de uma hora pra outra. Sexualidade e gênero são espectros e à medida que vamos compreendendo esses espectros nosso vocabulário se atualiza para abranger melhor a experiência humana. Essas perguntas são pontos de partida pra você que quer entender melhor o movimento. Esse texto não tem a intenção de se bastar em si, ele é mais um convite pra você, a partir dos questionamentos apontados aqui, buscar uma melhor compreensão. Leia, pesquise, converse com pessoas que são parte da sigla. Abra sua mente, gay também é gente. E as outras várias letrinhas da sigla também.
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